quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os vários tipos de violência que a televisão não mostra


O início da violência

A agressividade é sempre um tema da atualidade, especialmente a agressividade juvenil, atualmente relacionada às ações das gangues, dos franco-atiradores de escolas, dos queimadores de mendigos, dos homicidas de grupos étnicos, ou simplesmente dos agressivos intrafamiliares.
Não devemos acreditar que a violência infanto-juvenil restringe-se aos internos da FEBEM ou às classes menos favorecidas da sociedade, conforme bem alerta Paulo Ceccarelli. Existe uma população de delinqüentes em outras classes sociais mais protegidas, seja pelos muros dos condomínios de luxo, seja por estatutos sociais não-escritos que zelam dos "bons hábitos familiares", enfim, existe uma população de delinqüentes que raramente é punida e cujos atos nunca chega aos nossos ouvidos.
Os adolescentes e jovens que se destacam pela hostilidade exagerada, podem ter um histórico de condutas agressivas que remonta a idades muito mais precoces, como no período pré-escolar, por exemplo, quando os avós, pais e "amigos" achavam que era apenas um "excesso de energia" ou uma travessura própria da infância.
A conduta agressiva entre os pré-escolares e escolares é influenciada por fatores individuais, familiares e ambientais. Entre os fatores individuais encontramos a questão do temperamento, do sexo, da condição biológica e da condição cognitiva.
A família influi através do vínculo, do contexto interacional (das interações entre seus membros), da eventual psicopatologia e/ou desajuste dos pais e do modelo educacional doméstico. A televisão, os videogames, a escola e a situação sócio-econômica podem ser os elementos ambientais relacionados à conduta agressiva. Embora esses três fatores (individuais, familiares e ambientais) sejam inegavelmente influentes, eles não atingem todas as pessoas por igual e nem submete todos à mesma situação de risco.
A agressividade, por si só, não pode ser considerada um transtorno psiquiátrico específico, ela é, antes disso, sintoma que reflete uma conduta desadaptada. Como sintoma ela pode fazer parte de certos transtornos. Podemos dizer até, que a conduta agressiva costuma ser normal em certos períodos do desenvolvimento infantil, está vinculada ao crescimento e cumpre uma função adaptativa. Essa agressividade normal e fisiológica também é chamada de agressividade manipuladora.
Os fatores implicados na gênese da Agressão e Violência devem ser considerados sob dois aspectos:
1. - A pessoa
2. - O meio


Os pais como modelos e como educadores (ou não)

Os elementos contemporâneos cogitados no estudo do aumento da violência e agressividade dos adolescentes passa também pelo declínio do papel do pai (e da mãe), subtraído que foi por vários elementos da atualidade. Primeiro vem a dissolução das famílias. Na falência da função paterna (ou materna), a busca pelo prazer consumista desembesta a rédeas soltas, para grande número de jovens.
Em segundo lugar vem a tirania da liberdade incondicional, exigência que se dá sob o falso rótulo do progressismo e do politicamente correto. Liberdade é um termo que deveria ser usado no plural, liberdades. Liberdade para isso, para aquilo... e não para tudo, como exigem os adolescentes. A liberdade incondicional interessa fortemente para aqueles que sobrevivem, e muito bem, do afã juvenil em ir, comprar, beber, beber, comprar e ir. E esses mercenários da juventude não são, exatamente, donos de escolas, são empresários da noite, traficantes, os propagandistas de drogas e costumes...
Em terceiro, vem a propaganda do orgasmo proporcionado pelo prazer como um fim em si mesmo, prazer do consumo, do poder, do não-perder-um-minuto, do fazer porque "todos fazem"... Convencem os jovens, por má fé, que em não se tendo..., não se é feliz. A transformação de pessoas reconhecidamente contraventoras em espécies de ídolos e de modelos de vir-a-ser, cujas atitudes criminosas são públicas e impunes, é um dos mais fortes estímulos à delinqüência.
Em quarto, de acordo com palavras de Paulo Ceccarelli, se seguirmos as mudanças no Código Civil referentes ao Direito Paterno veremos que, desde o Direito Romano até hoje, houve um enfraquecimento do poder do pai sobre o filho. Tais mudanças foram mais dramáticas no final do Século XIX e início do XX, com as novas leis de mercado. Cada vez mais, em nome do "interesse da criança", instituições sociais passaram a substituir o pai. Cada vez que o "bem-estar da criança" está supostamente em jogo, o pai pode ter seu poder familiar limitado ou anulado.
E as mães? Algumas mães talvez sejam as principais artífices da falta de dever, responsabilidade e limites de seus filhos. Atitudes superprotetoras, tão ou mais graves que seu oposto, a negligência materna, acabam resultando em pessoas sem nenhuma tolerância à frustração. Pessoas sem tolerância à frustração costumam tomar a força o que querem ou, quando não conseguem, costumam encher as filas dos histéricos nos ambulatórios de psiquiatria. E a sociedade parece desculpar prontamente essas mães, afinal, como dizem, mãe é mãe...
Talvez as mães confundam o papel materno com a permissividade extrema em busca da simpatia de seus filhos. Outras vezes pretendem, com essa absoluta falta de limites para seus filhos, serem tidas por moderninhas e joviais. A grande maioria das mocinhas adolescentes grávidas contam prontamente para suas mães seu estado de gestante, normalmente porque têm certeza que serão prontamente compreendidas, perdoadas e aceitas. Como se constata, essa atitude benevolente serve muito bem para uma segunda e terceira gestações indesejadas.

A violência contra professores

A violência contra professores cresceu mais de 40 por cento no ano passado. Insultos, agressões físicas e furtos são as situações de violência mais frequentes. Em 2003, o Ministério da Educação registou 2133 casos de acções contra pessoas.
"Este aumento significa também uma maior abertura para denunciar estas situações. Antigamente era tudo mais escondido", avançou fonte oficial da tutela ao Portugal Diário.

A violência contra professores e funcionários aumentou, enquanto entre os alunos diminuiu cerca de seis por cento.

Os furtos são outra preocupação no seio da comunidade escolar. Dados do ministério apontam para um aumento de oito por cento em relação ao mesmo período. Os bens dos alunos são os mais cobiçados, logo seguidos pelos dos professores, passando de 36 casos em 2002 para 70 em 2003, num aumento de mais de 90 por cento. Em relação à Europa, estudos recentes revelam que 15 por cento dos 11 milhões de pessoas que trabalham no sector da educação foram vítimas de violência. Todos os anos, mais de meio milhão de profissionais da educação apresentam baixas médicas de mais de seis dias, em média, por acidentes e doenças profissionais. Estas baixas representam 40 por cento do absentismo no sector.

A violência dos alunos é, muitas vezes, fruto de insucesso escolar e de um ambiente familiar problemático. No ano lectivo de 2002/2003, a PSP efectuou 371 detenções por crimes cometidos nas áreas escolares. Mais de cem detenções correspondem a ofensas à integridade física, 81 a crimes de furto e 57 a injúrias ou ameaças.

Apesar dos números, a criminalidade nas escola, a nível global, registou uma diminuição de 0,8 por cento. Há menos situações de roubo, droga e vandalismo, embora os pequenos furtos tenham crescido.

Actualmente, o Ministério da Educação está a estruturar uma resposta à problemática da segurança, não apenas em relação à criminalidade, mas também nas vertentes de protecção física e patrimonial.

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